Quem acompanha aos principais telejornais do país deve ter visto nas últimas semanas uma explosão dos casos de violência policial, principalmente nas grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, mas os crimes estão espalhados por todo o nosso Brasil. A cada reportagem mostrada na TV com vídeos gravados das agressões e assassinatos por parte de policiais na ativa, a paisana ou até aposentados, ficamos estarrecidos com tamanha truculência e despreparo de quem deveria zelar pela integridade física das pessoas.
Só neste mês de dezembro aqui em SP tivemos um homem atirado de uma ponte de 4 metros de altura para dentro de um córrego, um rapaz morto com 11 tiros pelas costas após ter furtado três pacotes de sabão líquido no mercado, um outro rapaz desarmado que foi perseguido e morto com um tiro dentro de um hotel, uma família inteira agredida dentro da sua própria casa que foi invadida sem um mandado judicial e dentre elas uma senhora de 63 anos ferida na testa e ainda levando chutes e empurrões, na cidade de Santos uma criança de apenas 4 anos foi morta na rua em mais uma operação desastrada da polícia militar. Essas são apenas algumas ocorrências mais chocantes, mas, a lista é ainda muito maior do que se imagina e nem todas são filmadas.
As autoridades tentaram em vão se esquivar dizendo tratar-se de casos isolados, porém a quantidade de ocorrências violentas e equivocadas gerou muita indignação e revolta de toda a sociedade e como consequência uma forte cobrança ao governador do Estado (Tarcísio de Freitas), e sua política de segurança focada no extermínio de pessoas pobres e negras na sua maioria. É um verdadeiro massacre contra uma população já bastante vulnerável.
As ações violentas e covardes da polícia militar de SP se concentram sobretudo nas periferias das cidades, jamais em bairros abastados e nobres como por exemplo da nossa capital, em uma entrevista o vice prefeito de SP (coronel Mello Araújo), disse que o tipo de abordagem na periferia deve ser diferente de uma região nobre, ou seja, enquanto na periferia eles batem, humilham, amedrontam e matam os moradores sem piedade, nos bairros ricos eles são educados, gentis e não cometem crimes ou abusos de autoridade. Esse é o tratamento diferenciado da polícia militar, um enorme absurdo.
Fica muito claro que as classes mais desfavorecidas da nossa sociedade e que moram nas regiões periféricas da cidade estão mais expostas a toda essa violência da polícia militar. O preconceito com pessoas que moram nos bairros pobres é nítido, para a polícia as pessoas que moram nesses bairros são malandras, vagabundas, criminosas ou possuem algum antecedente criminal e por essa lógica merecem ser agredidos, xingados e mortos sem dó. Não existe a mesma educação, o mesmo tratamento digno dos bairros nobres, a conversa na periferia é na base da cassetetada, do grito, da intimidação e da covardia.
O terror de quem vive nos bairros pobres de SP é constante, o medo de ser assaltado, medo da violência e o medo da polícia que ao invés de proteger a população usa toda a sua força para o mal, claro que não podemos generalizar todos os policiais, mas quem vive nesses bairros sabe como é uma abordagem policial, mesmo quando você é inocente e só está voltando pra casa depois de um inteiro de trabalho. Aquele que se atreve a responder os policiais ou pedir educação é imediatamente agredido com socos, chutes, pisões, cassetetes e correndo sérios riscos de lesões graves e também a morte.
Enquanto não mudarmos a essência da polícia na base não haverá solução possível para esse problema, eu sou a favor da desmilitarização da polícia militar, o que faria dela mais próxima da sociedade e também a redução do belicismo da organização. Isso tornaria os treinamentos dos batalhões mais humanizados e menos violentos como os que são praticados hoje. O estresse e os danos mentais de uma capacitação agressiva só pioram a formação desses policiais que vão para as ruas com todo esse ódio e desprezo pelo ser humano. É necessário que esses profissionais tenham acompanhamento psicológico constante e apoio da corporação para denunciar possíveis abusos de seus colegas de farda, sem se tornarem alvos da própria polícia.
Se nada for feito pelos nossos governantes essa escalada da violência nunca terá um fim e já sabemos quem continuará a sofrer com ela.
Alécio Souza
Fonte: Site (https://dicasdelas.dci.com.br/)
Polícia (Proteção ou medo)
Eu tenho medo da polícia
Daquela que assassina sem fazer justiça
Medo de caminhar na rua
Vendo a crueldade nua e crua
Eu tenho muita indignação
Da nossa falta de civilização
Da polícia que bate e mata
Pobres e negros de forma imediata
Qual polícia irá nos defender
Dos crimes que são ensinados a cometer
A violência é só na periferia
Já tão castigada por tanta agonia
Quando haverá igualdade finalmente
Quando a polícia irá tratar todos como gente
Sei que tudo isso é uma grande utopia
Mas vale acreditar no sonho desse dia
Alécio Souza
A canção escolhida para essa postagem não poderia ser outra mais significativa que “Polícia”, da maravilhosa banda Titãs que como todos já sabem sou muito fã. Essa música é muito emblemática na minha vida, pois me lembro de ouvi-la na minha infância e adolescência, além da letra muito forte ela resume até os dias de hoje qual o verdadeiro sentido da polícia na vida das pessoas. Ela deveria ajudar e proteger, jamais cometer crimes e brutalidades contra os cidadãos honestos, sejam eles de qualquer classe social. Que haja mais humanidade e sensibilidade daqueles que deveriam nos defender de quem realmente nos possa fazer mal.