
Essa foi à eleição dos candidatos “coxinhas”, onde empresários, pastores e políticos sem muita identificação com a população mais carente foram eleitos com certa tranquilidade. No cenário atual a esquerda perdeu terreno em comparação há eleições anteriores, muito pelo que o país anda atravessando e o descrédito do povo. Os partidos da esquerda sempre foram pautados pela luta contra a desigualdade social, pelo direito de todos os cidadãos terem as mesmas condições, acesso há bons hospitais e ensino de qualidade, melhoria na qualidade de vida e distribuição de renda. Essa identificação e ideologia se perderam muito em função da corrupção que assola o país e que sejamos honestos, fez parte de todos os governos anteriores sejam eles de partidos de direita ou esquerda.
Praticamente no mesmo período das eleições municipais aqui do Brasil tivemos a eleição para presidente nos EUA, onde o candidato republicano Donald Trump foi eleito para a surpresa e decepção de grande parte da população. Neste caso também podemos observar a mudança na postura da população ao eleger um político conservador, que igualmente ao Brasil elegeu candidatos com perfil semelhante. O efeito da “coxinização” parece ter tomado conta em escala mundial, onde os eleitos pelo povo são candidatos ricos, brancos, empresários, sem identificação alguma com a população mais carente e com discursos conservadores e sem nenhuma abrangência.
O termo “coxinha”, no dicionário refere-se às pessoas certinhas, arrumadinhas, almofadinhas. É também descrito como “coxinha”, as pessoas com alto padrão de vida, os conservadores, mauricinhos e aqueles que se preocupam demais com a sua imagem. Entram nessa lista os empresários, playboys, políticos, profissionais liberais bem sucedidos e todas as pessoas com uma visão individualista, preconceituosa, racista, separatista e que apoiam o conceito da meritocracia. Para o coxinha qualquer pessoa pode obter sucesso na vida apenas através do seu esforço pessoal, não importando de qual classe social ela venha, de qual raça ela seja e o quanto ela seja excluída pela sociedade.
Sabemos que toda a insatisfação com a classe política, especialmente aqui no Brasil, gera revolta na população que busca por mudanças e um país melhor para se viver, porém eleger velhos políticos que no passado já demonstraram falta de caráter, ambição pelo poder, que tiveram más gestões e que possuem denúncias e processos no seu nome ou ainda aqueles que não se consideram políticos de carreira como os empresários e pastores, que pregam um discurso bonito, mas que no fundo são todos farinha do mesmo saco não é uma solução das mais inteligentes. Que renovação é essa onde se elegem políticos ou não políticos com mentalidade e atitudes retrógradas, cometendo os mesmos erros de governos passados. Onde está a renovação nesse contexto?
Realmente não está fácil acreditar na classe política hoje em dia, vejo um longo caminho pela frente rumo há tempos melhores. Diante das últimas decepções tanto no Brasil quanto nos EUA, acredito que o momento seja de muita reflexão e sabedoria para decidirmos qual futuro queremos para o nosso país. Não acredito mais em partidos ou siglas, acredito em pessoas de caráter que ainda podem construir uma nação mais justa, que podem fazer grandes mudanças na maneira de se fazer política sendo honestas e corretas. Desejo e sonho com o dia em que todas as pessoas tenham os mesmos direitos, as mesmas condições, as mesmas oportunidades, que não existam divisões de classes, que os negros tenham as mesmas chances que os brancos têm e que o país seja mais humano e solidário. Pode ser utopia, mas é o que desejo, um mundo melhor e mais justo para todos.
Alécio Souza